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Fitness na Pré - História

                                                                                 
Na pré - história, a turma tinha que se mexer para não passar fome (fonte Cultura Mix)

   Pasme-se. O ser humano era muito mais saudável na Pré - História do que nos nossos dias! Talvez você possa imaginar a razão :  naquele tempo o homem não comia fast-food e fazia academia! Bem, não é exatamente isso... Contudo existe uma explicação : naquele tempo não havia carro, nem moto, não existia  o microondas, a geladeira e muito menos a televisão. Se você quisesse comer alguma coisa não dava para usar o sistema delivery. Então, para comer, tinham que fazer uma bela academia: correr e caçar, fugindo das feras que também não contavam com o sistema delivery para o fornecimento de rações animais. Era uma correria e tanto... Em compensação, a turma deste período da História não tinha muitos dos problemas gerados pelo sedentarismo: obesidade, diabetes, hipertensão arterial, colesterol alto... e, em consequência da obesidade, problemas cardiovasculares, e diversos tipos de câncer, pois a obesidade é fator de risco para todos os tipos de câncer, sem contar outras doenças.
                                                                               
O homem pré - histórico tinha que correr dessas feras (fonta www.fatosdesconhecidos.com.br)

    Um artigo muito interessante denominado "Sedentarismo, exercício físico e doenças crônicas", de autoria de Bruno Gualano e Taís Tinucci, ( ambos da Universidade de São Paulo)   publicado na Revista brasileira de Educação Física e. Esporte, São Paulo, v.25, p.37-43, dez. 2011 ) pode  ajudar  a compreender que " a inatividade física é fortemente relacionada à incidência e severidade de um vasto número de doenças crônicas"e, por outro lado, que " a atividade física é  uma das principais ferramentas terapêuticas para promover a saúde ". 
   Os autores apontam que " a atividade física tem sido enaltecida e propagada há séculos como um potente fator de promoção à saúde. A Sócrates, por exemplo, credita-se a seguinte afirmação: “Na música, a simplicidade torna a alma sábia; na ginástica, dá saúde ao corpo”. Tal ideia ganha respaldo no discurso do “pai da medicina”, Hipócrates: “O que é utilizado, desenvolve-se, o que não o é, desgasta-se... se houver alguma deficiência de alimento e exercício, o corpo adoecerá”. O filósofo Platão compartilhava da importância do exercício, considerando-o fundamental na manutenção do equilíbrio de corpo e mente (ou o espírito). Talvez sejam as célebres palavras do romano Juvenal que melhor materializem esse conceito: “Mens sana in corpore sano” (“Mente sã em corpo são”). Obviamente, as evidências que fundamentavam a prática de atividade física em períodos remotos eram mormente empíricas. Atualmente, há um denso e crescente corpo de conhecimento que consolida o exercício físico como ferramenta crucial na promoção de saúde. Não obstante - e paradoxalmente - assistimos praticamente inertes a uma redução gradativa nos níveis de atividade física das populações modernas ".

    É realmente paradoxal o estilo de vida do homem contemporâneo. Fizemos tantas conquistas no campo da medicina : vacinas, antibióticos, insulina, anestésicos, Raio - x, entre tantas outras descobertas. E, quando chegamos em um nível excelente de avanços médicos, morremos porque comemos um monte desnecessário de guloseimas e por sentarmos no pudim, isto é,  por não querermos fazer a mínima força nem o menor movimento. Mais estranho ainda é pensar que contamos com todo aparato imaginável para preparar uma refeição balanceada sem gastar muito tempo e dinheiro. Podemos nos informar sobre como preparar uma receita em questão de segundos. Aliás, ontem, pude contar com a ajuda do site "Panelinha" para fazer uma sopa de beterraba deliciosa. E, para cuidar da saúde física contamos com a ajuda de excelentes profissionais de diversas áreas : médicos, nutricionistas, profissionais da Educação Física, fisioterapeutas etc. É até ridículo que não levemos a sério a nossa saúde quando podemos contar com esse imenso arsenal. E, muito preocupante é o fato de  crianças e adolescentes também adotarem esse estilo de vida que une o sedentarismo aos maus hábitos alimentares, o que acarreta entre eles os mesmos problemas de saúde que atingem os adultos. Por isso, alerta: pais, mães, avós e todos os que se responsabilizam pela criançada e adolescentes : cuidem de que seus filhos aprendam a ter uma alimentação adequada e um nível excelente de atividade física, brincando e correndo como toda criança e adolescente deve fazer. Se tiverem inclinação à prática esportiva, incentivem esse talento. Isso protege a saúde física e psíquica deles. Passar horas e horas na frente da TV ou do computador , comendo guloseimas durante esse tempo, é um meio para minar a saúde deles, e  pode acarretar problemas insanáveis no futuro. 
                                                                              
Nosso genoma diz: " mexa-se" ( fonte cmnddevip.com.br)

     Os autores do artigo ainda propõem outra questão: "Qual o impacto - biológico e socioeconômico - da inatividade física na saúde dos indivíduos? A inatividade física é um dos grandes problemas de saúde pública na sociedade moderna, sobretudo quando considerado que cerca de 70% da população adulta não atinge os níveis mínimos recomendados de atividade física. O ônus socioeconômico da inatividade física é alarmante: estimativas sugerem que os custos relacionados ao tratamento de doenças e condições possivelmente evitadas pela prática regular de atividade física são da ordem de um trilhão de dólares por ano (!), apenas nos Estados Unidos ( essa cifra refere-se ao ano 2000)."
    E os autores  propõem a pergunta chave que é  : " Mas, afinal, o que torna a inatividade física esta grande vilã da saúde pública?” .
    E dão a devida explicação :    " O cenário no qual nossos genes atuais foram selecionados difere sobremaneira do atual. Trata-se de um período longínquo (cerca de 10 mil anos a.C.), no qual a caça, a luta e a fuga se faziam necessárias para a alimentação e a sobrevivência dos nossos antepassados. Aqueles que logravam êxito em suas “tarefas cotidianas” aumentavam suas chances de sobreviverem, reproduzirem-se e, consequentemente, transmitirem seus genes às próximas gerações. Estava, assim, constituído o genoma humano - sob forte pressão do ambiente pré-histórico - que segue praticamente imutável.
   O ambiente moderno, contudo, mudou drasticamente. Com o advento das revoluções industriais e tecnológicas, o alimento tornou-se abundante e a todo o momento disponível. A atividade física, crucial nos tempos remotos, tornou-se dispensável. O homem, outrora fisicamente ativo e nômade, tornou-se sedentário. Os substratos energéticos (glicogênio e triglicérides) estocados no músculo esquelético e tecido adiposo, que flutuavam constantemente em função do ciclo “caça/jejum, alimentação/repouso”, tornaram-se estáveis (e em níveis elevados). Como consequência, condições como síndrome metabólica  (ver vocabulário no final e obesidade emergiram. 
   De fato, existem cada vez mais evidências clínicas e experimentais que suportam a teoria de que o descompasso entre o genoma “moldado” há séculos (10.000 a.C) e o ambiente pobre em atividade física experimentado pelo homem moderno (2011 d.C, ano da publicação do artigo) é o bojo das pandemias de doenças crônicas que afligem as sociedades atuais . A explicação para tal teoria é simples. Nossos genes respondem inadequadamente ao estilo de vida sedentário ou, em outras palavras, um nível ótimo de atividade física faz-se premente para a expressão fisiológica de nossos genes ".
 É importante tirar a criançada da frente  TV e do vídeo game e levá-las para fazer atividade física (Fonte: www.esteticas.com.br)

   Teríamos, teoricamente duas soluções para adequar nossos genes no mundo atual : diante do descompasso gene-ambiente descrito no tópico anterior e suas consequências desastrosas à saúde dos indivíduos, duas alternativas terapêuticas emergem: 1) Alteração no ambiente do homem moderno; ou 2) Alteração dos genes do homem moderno. Muito embora a primeira opção soe como a mais sensata medida de saúde pública a ser adotada, surpreendemo-nos com uma era repleta por tentativas milionárias e mal sucedidas de desenvolvimento de terapias gênicas experimentais, com o intuito de criar uma pílula “mágica” capaz de replicar os efeitos do exercício. Na verdade, o termo “pílula de exercício” vem sendo vastamente empregado por alguns pesquisadores a fim de caracterizar novas drogas que apresentam efeitos similares ao exercício em uma ou mais moléculas ou sistemas, numa clara tentativa de “sensacionalizar” seus achados. Com base nesses achados, os autores desse estudo divulgaram tal droga como a “pílula do exercício”, causando, assim, um enorme impacto midiático. Contudo, esse rótulo carece de base científica, uma vez que uma droga capaz de mimetizar os efeitos do exercício físico deveria promover, conceitualmente, todos os benefícios deste, com os mesmos custos e riscos à saúde. A droga AICAR, não parece ser capaz, por exemplo, de melhorar força, cognição, massa óssea ou reduzir mortalidade, que são desfechos clássicos inerentes à prática regular de atividade física. Além disso, os riscos e custos dessa droga - ainda não investigados - provavelmente não se comparariam aos da prática de atividade física ".
       Bem, aqui novamente queremos encontrar uma solução para a nossa inatividade sem ter  que ter qualquer atividade. É o cúmulo da malandragem... 
   " Tendo devidamente contido o exacerbado ânimo dos entusiastas da “pílula do exercício”, voltemos à única alternativa plausível para prevenção das doenças crônicas: a mudança do ambiente. Para tanto, duas opções palpáveis poderiam ser adotadas: alteração do consumo e padrão alimentar e (re) inclusão de atividade física.
    O exercício físico é uma ferramenta barata, segura, não patenteável e, quando prescrita de maneira correta, põe fim à necessidade de uma vasta gama de medicamentos. 
O indivíduo sedentário não pode ser considerado saudável... independentemente de o mesmo manifestar ou não sintomas clínicos de alguma doença.
 O indivíduo fisicamente inativo, portanto, representa uma condição patológica (desvio da normalidade fisiológica). Em outras palavras, a carga genética do homem atual manda que não sejamos sedentários pois o corpo está projetado para nos mexermos. Com base nesses conceitos, poderíamos afirmar que os efeitos terapêuticos do treinamento físico devem-se à mera re-inserção de atividade física na vida do homem moderno, corrigindo um ambiente desfavorável e incongruente à expressão fisiológica do nosso genoma. A (re)-inserção da atividade física na vida do homem moderno é essencial à manutenção da função normal (fisiológica) do organismo ". 

   Mais claro impossível : ou você toma consciência de que é necessário ter atividade física nos dias atuais ou é uma mulher ou um homem morto, faltando só escolher a doença e  em quanto tempo você vai querer deixar esse mundo. Se, além de ser inativo, ainda tiver o hábito de comer fast-food , já pode encomendar a passagem. E, adeus, goodbye,  au revoir,  adiós,‎ arrivederci,  auf wiedersehen sayonara...
        
Se você não se conscientizar de que a inatividade faz muito mal , diga adeus (fonte exame.abril.com.br)

                                                         Vocabulário

Síndrome metabólica -  conjunto de condições que aumentam o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e diabetes. A síndrome metabólica inclui hipertensão arterial, nível elevado de açúcar no sangue, excesso de gordura corporal em torno da cintura e níveis de colesterol anormais. A síndrome aumenta o risco de uma pessoa ter ataque cardíaco e acidente vascular cerebral.
   Além de uma grande circunferência da cintura, a maioria dos distúrbios associados à síndrome metabólica não apresenta sintomas. Perda de peso, prática de exercícios físicos, dieta saudável e abandono do cigarro podem ajudar. Também pode haver prescrição de medicamentos.                                                                       

Comentários

  1. Depois dos 50, se você se exercita o corpo todo dói um pouco. Se não se exercita dói muito mais. Muito bom post!

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