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Exercício físico é vital para a saúde do fígado

 
O fígado tem um papel importante; a obesidade, a inatividade e o consumo imoderado de bebida alcoólica  acarretam doenças graves nesse órgão
fonte: mundoboaforma.com.br
 "O estilo de vida fisicamente inativo é um comportamento de risco com forte associação com alimentação pouco saudável, tipo de trabalho, opções de lazer e forma de locomoção. Tais fatores levam a uma redução na demanda fisiológica ocupacional (o que quer dizer que a atividade não exige esforço físico), que em geral apresenta baixo gasto energético em função das possibilidades tecnológicas que envolvem as tarefas no local de trabalho. Além da redução de gasto calórico com atividades físicas diárias, há uma disponibilidade de alimentos com alto valor calórico e em porções maiores, fatores que associados, favorecem o aumento de peso corporal e desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares. Deste modo, a alta prevalência da obesidade e do excesso de peso em diferentes populações, se associam a fatores ambientais, hábitos nutricionais e alto nível de inatividade física. Pessoas que apresentam peso acima de valores saudáveis, em geral possuem histórico de inatividade física e maior valor de triaglicerol (gordura) circulante, o que contribui com o aumento do risco de desenvolvimento da esteatose hepática (esteatose hepática, popularmente conhecida como gordura no fígado, é um problema de saúde que pode levar à cirrose e até à morte)." Esse é um trecho do artigo Esteatose Hepática e Estilo de Vida Ativo: Revisão de Literatura, cujos autores são Carla G. de Sá Pinto, mestre em Educação Física e Profissional de Educação Física do Hospital Israelita Albert Einstein; Marcio Marega, graduado em Educação Física e especialista em Fisiologia do Exercício, é coordenador da Unidade de Ensino Rio de Janeiro do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein; Felipe G. Carmona , Carolina D`áurea e Jose A. M. de Carvalho, também da equipe do Hospital Albert Einstein; e Aylton Figueira Junior, doutor em Educação Física pela Universidade de Campinas, UNICAMP.

Imagens do fígado saudável e do fígado com esteatose, que já não exerce mais o papel  que é devido
fonte: imeb.com.br
 Quase todo mundo, leigo no assunto, já ouviu falar de cirrose e sabe que tem uma relação com problema no fígado, geralmente ligado ao excesso de bebida. O que  desconhecemos é que essa doença não é causada apenas pelo uso indevido do álcool mas que é também decorrente da obesidade. Desconhecemos também que a cirrose pode matar em pouco tempo um indivíduo e que muitos obesos tem sido vítimas dessa doença. Vamos, antes de investigar melhor o artigo mencionado, tentar conhecer um pouco melhor sobre as funções do fígado e das doenças relacionadas a esse órgão, que são um perigo real  que pode ser prevenido com simples mudança de hábitos :
 O fígado desempenha muitas funções importantes dentro de nosso organismo, como: armazenamento e liberação de glicose, metabolismo dos lipídeos, metabolismo das proteínas (o metabolismo pode ser entendido como uma série de reações químicas que ocorrem no interior do organismo e proporcionam o seu funcionamento adequado; está relacionado com três funções que são vitais: nutrição, respiração e síntese de moléculas ), síntese de proteínas (a síntese das proteínas é o processo por meio do qual as células biológicas geram novas proteínas), processamento de medicações e hormônios, destruição das células sanguíneas desgastadas e bactérias, etc. Além de todas as funções, age também no armazenamento de vitaminas e minerais. O fígado participa também da regulação do volume sanguíneo, possui importante ação antitóxica contra substâncias nocivas ao organismo como o álcool, a cafeína, gorduras, etc. (fonte: todabiologia.com)
  O fígado é considerado um desafio para a medicina, pois não existe tratamento ou medicamento capaz de reavivar as funções do fígado quando este entra em falência. Quando as células hepáticas morrem, elas não se recuperam. No entanto, este órgão é um dos mais propícios para um transplante, sofrendo menor rejeição em relação a outros órgãos como o coração ou os rins. Além disso, o fígado possui a capacidade de continuar funcionando mesmo quando perde um pedaço, conseguindo se regenerar para o tamanho normal. Isto significa que uma mesma pessoa é capaz de salvar mais de uma vida somente com a doação de um simples pedaço do fígado.(fonte: mundoboaforma.com.br)

A esteatose hepática não tratada pode gerar a cirrose, que é a doença crônica do fígado que mais se associa ao acúmulo de água na barriga (ascite)
fonte: cliniquemedical.com.br
  A esteatose hepática caracteriza-se por um acúmulo de gordura nas células do fígado, também chamada de  doença gordurosa do fígado. É muito comum e pode ser dividida em alcoólica (quando há abuso na ingestão de bebida alcoólica) ou não alcoólica (quando não existe história de ingestão de álcool significativa). A esteatose hepática não alcoólica pode ser causada por hepatites virais, diabetes, resistência à insulina, sobrepeso ou obesidade, níveis elevados de colesterol ou triglicérides e drogas como corticoides, estrogênio entre outras. Mais de 70% dos pacientes com esteatose são obesos, e quanto maior o sobrepeso, maior o risco. Esteatose inicial ou leve é quando ocorre pequena deposição de gordura no fígado, se essa gordura persistir por um tempo prolongado ou se houver um maior acúmulo de gordura, pode acarretar dano às células do fígado, com inflamação, que chamamos de esteato-hepatite. Ou seja, após vários anos de esteatose pode ocorrer uma “hepatite” pelo excesso de gordura. A esteato-hepatite é um quadro bem mais preocupante que a esteatose, pois pode evoluir para cirrose hepática em cerca de 20% dos casos, que é a complicação mais temida da esteatose hepática.

Na cirrose, há a formação de cicatrizes no interior do fígado, distorcendo toda a sua estrutura, o que prejudica o fluxo de sangue. Com o fluxo reduzido, a pressão do sangue em todas as veias aumenta, o que chamamos de hipertensão portal. Essa hipertensão no sistema porta hepático leva a dilatação à montante (das veias que desembocam na veia porta), o que pode trazer diversas conseqüências, como inchaço nas pernas, falta de ar (síndrome hepato-pulmonar), falência dos rins (síndrome hepato-renal), ascite (grande inchaço no abdome) e a dilatação de veias (varizes). Uma das mais importantes complicações da cirrose é sem dúvida a formação de varizes no esôfago. (fonte:hepcentro.com.br)

A cirrose  gera varizes esofágicas que podem se romper, provocando hemorragia, o que leva à morte
fonte: hepcentro.com.br
Tanto a esteatose como a esteato-hepatite não tem sintomas e com frequência são descobertas por uma ultrassonografia abdominal de rotina, ou na investigação de alteração de exames laboratoriais relativos ao fígado. A ultrassonografia costuma indicar o grau de esteatose hepática.
 O médico pode suspeitar de esteatose hepática pela história clínica, exame físico do paciente, com detecção do fígado aumentado, ou por aumento da circunferência abdominal pelo acúmulo de gordura. Alguns pacientes com esteatose hepática queixam-se de fadiga e sensação de peso ou desconforto no abdome superior direito, porém não há evidências que esses sintomas estejam relacionados ao acúmulo de gordura no fígado, pois pacientes com graus avançados de esteatose geralmente não apresentam nenhum sintoma.
    Outra disfunção que a cirrose pode provocar é a encefalopatia hepática, também conhecida como coma hepático, é uma perturbação pela qual a função cerebral se deteriora devido a altas quantidades de substâncias tóxicas presentes no sangue – substâncias estas que deveriam ter sido eliminadas pelo fígado. Os sintomas iniciais incluem esquecimento e confusão mental. ( fonte:minhavida.com.br)
  Não há até o momento um tratamento específico para a esteatose. Dessa forma, o tratamento se concentra na causa, ou seja, o diabetes, os níveis elevados de colesterol e triglicerídeos, a obesidade. Isso inclui uso de medicamentos, quando necessário, e uma mudança de hábitos de vida, com perda de peso, reeducação alimentar e realização de atividade física, além de acompanhamento médico regular. ( fonte:imeb.com.br)


O exercício físico regular, como o aeróbico, é uma garantia na prevenção das doenças do fígado
fonte: active.com
O estilo de vida está relacionado com o aumento das doenças crônicas não transmissíveis ?
"O fenômeno da urbanização promoveu mudanças significativas no modo e no estilo de vida dos adolescentes e adultos. Dentre essas mudanças no estilo de vida, as dinâmicas do trabalho, forma de locomoção, estrutura familiar, tipo e espaço na moradia, facilidade na aquisição de alimentos e novas formas de lazer são encontradas. Com o fator associado à urbanização e a industrialização, houve redução no nível de atividade física da vida diária, especialmente relacionado ao tipo de locomoção, aumentando o número de pessoas insuficientemente ativas. Paralelamente, o tabagismo e a alimentação pouco saudável contribuíram com o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. O nível insuficiente de atividade física atinge ao redor de 70% da população residente em grandes centros, sendo considerado fator determinante no aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis como o diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemias (aumento do colesterol), esteatose hepática, certas formas de câncer, osteoporose, entre outras."

Poderíamos relacionar o aumento do sedentarismo e dos casos de obesidade ao aumento de casos de esteatose hepática ? 
"Nas últimas décadas tem sido observado um quadro crescente de pessoas com peso acima do saudável em diversos países do mundo. Esse quadro associado à crescente prevalência da obesidade poderia ser explicado pelo aumento do consumo de alimentos com alto teor de gorduras e pobres em fibras, bem como o nível insuficiente de atividade física; tabagismo; consumo de álcool em excesso e estresse, contribuindo com o desenvolvimento da EH (esteatose hepática). Desta forma, o perfil metabólico desfavorável (além de questões relacionadas aos hábitos de vida, estudos apontam que existe também a influência de variações em genes específicos, o que pode resultar em alterações metabólicas que contribuem para o perfil metabólico desfavorável, o que quer dizer, por exemplo, que uma pessoa pode ser magra e ter colesterol elevado) e o estilo de vida, podem ser predisponentes no desenvolvimento da EH, uma vez que se associa a diferentes fatores de risco, como o excesso de peso e a obesidade; diabetes do tipo 2 e inatividade física , apresentando prevalência entre 10 e 24% na população mundial."

Alimentação balanceada faz parte do controle na prevenção da doença hepática
fonte: windsorstar.com

Por que é importante tentar compreender como o exercício físico pode ser eficaz na prevenção e tratamento da esteatose hepática ? 
"Considerando que a EH tem forte dependência com o estilo de vida em adultos, entender como a prática regular de atividades físicas pode modular o comportamento saudável parece ser relevante em programas de promoção de saúde. A inatividade física está relacionada com o excesso de triacilglicerol circulante ( gorduras), enquanto que o treinamento físico regular mostra efeitos favoráveis na melhora do perfil lipídico (exame realizado para avaliar se os níveis de lipídios ou gorduras no sangue estão elevados) e consequentemente, possíveis resultados positivos no controle da EH. " 

Existe um aconselhamento para que o paciente mude os hábitos de má alimentação  e de inatividade  física ? 
"Todos os pacientes são encorajados a reduzir a ingestão de gorduras e realizar exercícios físicos regulares, com o objetivo de aumentar o gasto energético diário. A maioria dos estudos mostrou que a redução da EH depende da redução gradual do peso. Contudo, recomenda-se que a redução gradual do peso não exceda 1,6 kg por semana, considerando ingerir mais frutas, vegetais e legumes, como forma de manutenção qualitativa da dieta. Dietas rígidas e/ou a intensa privação calórica devem ser evitadas, pois resultam no aumento do fluxo de gorduras corpóreas para o fígado levando-o a EH.
Outro fator que colabora no controle de peso corporal é a prática regular de atividade física, que para manutenção de saúde os indivíduos devem realizar pelo menos 30 minutos de atividades físicas em intensidades moderada a vigorosa, na maioria dos dias da semana."
 Quais seriam os exercícios mais recomendados na prevenção e tratamento da esteatose hepática ? 
"Em geral, os programas de exercícios relacionados à EH se baseiam com esforços aeróbicos, mas deve-se considerar a importância do treinamento resistido (musculação), uma vez que desempenha papel importante no aumento da oxidação de gorduras e da autonomia física." Em outras palavras, a musculação transforma a gordura em músculo, ou massa gorda em massa magra, tornando a pessoa, além de mais saudável, mais forte. Eliminando parte da gordura do organismo, a musculação ajuda na prevenção e tratamento da EH. 

A musculação é importante na prevenção e até no tratamento da doença hepática, que pode reduzir a massa muscular
fonte: theguardian.com
Quais seriam as conclusões desse estudo ?
"O presente estudo demonstrou a relação entre a prevalência de EH e outras doenças metabólicas, em especial pelo aumento de peso e baixo nível de atividade física. Os estudos sugerem que o diagnóstico da EH muitas vezes ocorre ocasionalmente, porém, seria possível inferir que a prevenção ocorre de forma similar a outras doenças crônicas. Ainda aponta-se que aumentar o nível de atividade física pode colaborar com a diminuição de gordura no fígado e prevenir o aparecimento do quadro de EH em qualquer fase da vida. Importante frisar que outros hábitos na vida diária poderiam se associar a EH, destacando neste caso, o consumo de bebidas alcoólicas."

    O leitor poderia pensar que para prevenir as doenças do fígado seria necessário ter hábitos alimentares muito restritivos e uma vida de atleta profissional. Não é verdade. O importante é apenas ter equilíbrio. Se uma pessoa não está precisando emagrecer (e essa avaliação tem que ser equilibrada, nada de parâmetros insanos que poderiam levar à anorexia) e já adotou um programa regular de exercícios, e se toma bebida alcoólica com moderação e tem uma alimentação balanceada, comendo frutas, verduras e legumes e não exagerando nas frituras, doces e carnes gordas, não é necessário mudar em nada o seu comportamento. Uma pessoa pode estar magra e ser sedentária; aí seria preciso adotar um estilo de vida mais ativo, pois as doenças crônicas podem ocorrer também em indivíduos magros. O que pode ser preocupante, além do sedentarismo, é a obesidade e a falta de moderação na bebida alcoólica. Nesses casos, vale a pena ter coragem e procurar uma mudança no estilo de vida para garantir a  boa saúde e a longevidade. Os danos da cirrose são tão graves e levam ao óbito tão facilmente, que todo esforço para preveni-la é pouco diante do prejuízo que essa doença pode gerar. Ainda que seja necessário fazer muitos sacrifícios e  procurar a ajuda de bons profissionais, a conquista da boa saúde poderia resgatar a auto estima e serenidade interior, que só é possível quando se encontra o equilíbrio. 






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